batida sagrada

cosmologias/cartografia// escritas/// Cultura em Constante Movimento

Na primeira década dos anos 2000 o ateliê tornou-se um mocambo. Uma espéce de residência artística que abrigou iniciativas culturais de várias quebradas. Em especial no Jardim das Belezas, Jardim Monte Azul, Embu das Artes. Foi um período que inaugurou trocas intensas com as periferias no fervor dos primeiros saraus, criamos o nosso encontro Batida Sagrada. Encontros quinzenais que tinham a intenção de convidar a velha guarda dos samba, do maracatu, do repente que envolta do fogo encontravam a nova geração da rima, da dança, da música. Foi aí que surgiu a vontade de criarmos símbolos que dessem conta da grande roda de Cultura vinda das encruzilhadas do mundaréu. Foi ai que surgiu o Cosmograma : Cultura em Constante Movimento. Uma ferramenta educativa para ilustrar a interseccionalidade da cultura de rua com a espiritualidade, o inconsciente, o legado da resiliência ancestralisada que ainda presente, nos dá o suporte para encontrarmos a ginga, o ritmo de conexão com o todo. Foi somente recentemente, através da luz da obra reveladora de Tiganá Santana e Bunseki Funkiau, que descobrimos as semelhanças, chaves de compreensão das dinâmicas do tempo espiralar Dikenga, o Cosmograma Bakongo, aliado ao acolhimento de grandes mestras como Makota Valdina, Leda Maria Martins e Lélia Gonzales. Mas foi sob as bênçãos de encantada Raquel Trindade, que bordamos os estandartes e garimpamos oralmente as sementes de afeto, de restauração cultural a mando das palavras do grande Solano Trindade: “Pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte.”